Uma imersão profunda na cultura do Pantanal de Mato Grosso do Sul ganha vida com o lançamento do documentário “Mulheres da Fronteira – Uma Comitiva de Sabores pelo Pantanal”. A obra audiovisual, que estreia nesta quarta-feira (10), é um tributo vibrante à identidade pantaneira, revelada através das histórias e dos sabores cultivados por sete notáveis mulheres. De cozinheiras tradicionais a chefs renomadas, o filme traça um panorama de como a gastronomia atua como pilar na preservação de tradições, conectando gerações e celebrando a riqueza cultural de uma das regiões mais emblemáticas do Brasil. A produção promete levar o público a uma jornada culinária e afetiva, destacando a importância da culinária regional como um elo entre o passado e o presente do Pantanal.
A comitiva de sabores que define uma região
O documentário “Mulheres da Fronteira – Uma Comitiva de Sabores pelo Pantanal” desdobra-se em uma tapeçaria rica de narrativas que ressaltam a conexão intrínseca entre o território e sua culinária. Ao longo de seus 90 minutos, o filme oferece um olhar detalhado sobre como a alimentação é mais do que sustento; é um veículo para a história, a memória e a identidade cultural. A obra celebra a resiliência e a inventividade de mulheres que, em diferentes papéis e com variadas origens, se tornaram guardiãs dos saberes e sabores do Pantanal sul-mato-grossense.
Vozes femininas na preservação cultural
Central para a narrativa do documentário são as sete protagonistas, cujas trajetórias se entrelaçam para formar um retrato multifacetado da gastronomia pantaneira. Cada uma delas representa uma faceta única dessa cultura culinária. Domingas Torales, por exemplo, personifica a cozinheira de tradição, aquela que guarda receitas passadas de geração em geração, mantendo vivos os métodos e ingredientes ancestrais. Maria Adelaide de Paula Noronha, fundadora do renomado Buffet Yotedy, demonstra como a culinária regional pode ser elevada a um patamar de excelência e reconhecimento, levando o sabor do Pantanal a eventos de grande porte.
Cristina da Rocha, uma figura pioneira no turismo gastronômico em Miranda, ilustra a capacidade de transformar a comida em uma experiência que atrai visitantes e fomenta a economia local. Em Corumbá, Lídia Aguilar Leite atua como turismóloga, chef e empresária, integrando a culinária à experiência turística e valorizando os produtos locais. A nova geração é representada por Tainá Elias Lopes, chef em Campo Grande, que injeta criatividade e contemporaneidade nos pratos regionais.
Um destaque particular é Kaly Maracaya, a chef indígena da etnia Terena, amplamente reconhecida como a primeira chef indígena do Brasil. Sua presença no documentário sublinha a diversidade étnica do Pantanal e a contribuição fundamental dos povos originários para a culinária local, preservando ingredientes e técnicas milenares. Finalmente, Jadi Tamasiro, proprietária do icônico Jadi Sobá na Feira Central de Campo Grande, celebra a fusão cultural e a adaptação de pratos que se tornaram símbolos da capital, como o sobá, um ícone da imigração japonesa que foi absorvido e transformado em parte da identidade local. Juntas, essas mulheres formam uma “comitiva de sabores” que, para além da fronteira geográfica, constrói pontes culturais e afetivas, assegurando que a riqueza do Pantanal continue a ser sentida e saboreada.
Do conceito à tela: a jornada da produção
A complexidade e a riqueza das histórias apresentadas no documentário são o resultado de um processo de produção meticuloso e apaixonado, que se estendeu por cerca de nove meses. A equipe de filmagem empreendeu uma jornada através de diversas localidades-chave do Pantanal de Mato Grosso do Sul, capturando não apenas os pratos, mas também as paisagens, os rostos e as nuances culturais que dão vida à região. O cuidado em cada etapa da realização reflete o compromisso em apresentar uma obra autêntica e profundamente enraizada na realidade pantaneira.
Bastidores e a visão dos diretores
A direção de Paulo Machado e Bruno Loiácono foi fundamental para costurar essas narrativas individuais em um panorama coeso e inspirador. Paulo Machado ressalta a importância do projeto como uma janela para o mundo, afirmando que o filme é “um convite à reflexão sobre como a gastronomia atravessa barreiras e constrói pontes, mostrando que entre as diferenças existem caminhos comuns”. Essa visão direcionou a equipe a explorar as conexões que a comida estabelece, transcendendo as divisões geográficas, culturais, étnicas e até afetivas que moldam os territórios.
As filmagens, que duraram dois meses, abrangeram cidades estratégicas como Campo Grande, Miranda, Aquidauana e Corumbá, permitindo à equipe capturar a diversidade dos ecossistemas e das comunidades locais. As entrevistas com as protagonistas, momento crucial para aprofundar suas histórias e suas filosofias culinárias, foram realizadas no aconchegante ateliê da renomada artista visual Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande, proporcionando um ambiente íntimo e inspirador. Além dos relatos vívidos, a trilha sonora original, composta por Rodrigo Faleiros, foi criada para complementar as imagens e as emoções, adicionando uma camada extra de profundidade à experiência cinematográfica. A combinação de narrativa visual, depoimentos autênticos e música envolvente promete uma obra de 90 minutos que não apenas informa, mas também emociona e inspira o público a valorizar a rica tapeçaria cultural e gastronômica do Pantanal.
Sabores do Pantanal: um convite à reflexão
A estreia do documentário “Mulheres da Fronteira – Uma Comitiva de Sabores pelo Pantanal” transcende o simples lançamento de uma obra audiovisual; representa a celebração de um legado e um apelo à valorização da cultura regional. Ao focar nas mulheres que ativamente moldam e preservam a identidade pantaneira através de sua culinária, o filme oferece uma perspectiva poderosa sobre a capacidade da gastronomia de ser um catalisador para a memória, a tradição e a inovação. A obra não apenas expõe a beleza dos pratos e a destreza de quem os prepara, mas também instiga o espectador a refletir sobre a complexidade das fronteiras – sejam elas geográficas, culturais ou afetivas – e como a partilha de uma refeição pode derrubar barreiras e forjar laços.
O documentário é, em essência, um convite à compreensão mais profunda de uma região vital do Brasil e de seus povos. Ele solidifica a importância do Pantanal não apenas como um patrimônio natural, mas também como um berço de uma cultura gastronômica singular e vibrante, perpetuada pelo trabalho e pela paixão dessas mulheres. A oportunidade de assistir a essa produção é, portanto, um momento para conectar-se com a alma do Pantanal e com a riqueza que a mesa compartilha.
Para uma imersão completa nos aromas e histórias que definem o Pantanal, o documentário estará disponível para o público a partir desta quarta-feira (10), às 19h, tanto em plataformas de vídeo quanto em sessões especiais no Cinemark, localizado no shopping Campo Grande. Não perca a chance de mergulhar nesta jornada culinária e cultural que celebra a força e o sabor da mulher pantaneira.
Fonte: https://g1.globo.com